terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lembranças do Jardim Paulista

Nasci no J. Paulista, na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, no antigo (não existe mais), Hospital São Paulo. Minha mãe morava no Bixiga, na Rua Abolição, mas meu pai já havia comprado uma casa na Rua Manoel da Nóbrega No. 1450 (está lá até hoje) e minha mãe estava brigando para tirar o antigo inquilino, mas assim que eu nasci, ela conseguiu e com menos de um ano, mudamos para a casa nova, bem em frente ao (hoje), QG do II Exército, ao lado do (atual) Estádio do Ibirapuera, aliás, nem o parque havia naquela época.

Logo depois construíram o parque do Ibirapuera, para comemorar o 4º. Centenário de São Paulo. No lago (que hoje tem luzes e dança das águas no Natal), tinha barquinhos a motor e a remo. Tinha um restaurante e de um deck que dava pro lago, no restaurante, apanhávamos os barquinhos e fazíamos passeios (eu, minha mãe e meu pai) pelo lago. Também ia lá com o tio Natalino, aquele tio, herói, sem filhos, que fazia a alegria da sobrinhada!
Passei TODA a infância por lá, a princípio somente em casa, depois brincando com os vizinho, Alfredinho e Beatriz (Tize) e, mais tarde pelas ruas do bairro, com outros amigos, Fernando Bueno Rocha (Nando - Padre), Renato Glass (que roubava o DKW Vemag da irmã pra gente passear e que depois comprou uma Romi Iseta pra gente bagunçar, kkkkk), Renatinho (cujo pai tocava violino na Filarmônica de SP, tinha um citroën preto que bateu num bonde a amassou o bonde!!!), os irmão portugueses, Paulo, Jorge e Maria do Céu (uma gatinha), a Izaura (com z mesmo, primo amore platônico) e a prima Léia, mais tarde o Cristiano (que morava numa casa com sótão.... que emocionante!!!). Depois mudou-se o Enéias e a Vera Lúcia (Verinha, magrinha..... mas muito legal), a vizinha (gostosíssima que era apaixonado no meu primo e a prima dela, caipira, que veio passar as férias na capital, minha primeira paquera de verdade (toda noite no Aero Willis do meu pai) e finalmente a TUPE (turma da pesada), terror da vizinhança e da mulherada, com Nando, Mosquito (Sérgio, que tinha uma irmã –Loredana- deliciosa, mas maluquinha de pedra e apaixonada pelo Bethoven), Bethoven (Tavares de Lima, que morreu no trem dos estudantes de Mogi), Zé (o maluco, com a irmã Vera e sua amiga bailarina Eliete – D E L I C I O S A – mas que nunca deu bola pra nenhum de nós) e Vetta (eu!!)
Quando garoto, as brincadeiras eram (além de tocar campainha na casa das velhas chatas, claro), soltar bombinha, esconde-esconde, amarelinha, queimada, futebol e a que mais a gente gostava era uma de atravessar a rua num pé só, tendo um pra “pegar”. Quem fosse pego ficava no lugar do pegador. O legal é que nunca teve briga ou discussão. Sempre de boa!
Depois, veio a “era das bicicletas”. O Alfredinho tinha uma Monark e eu ganhei a minha primeira Caloi. Uma maravilha. Toda a garotada de bicicleta o dia todo andando pra lá e pra cá. Um dia, tomei O TOMBO! Ralei todo, mas continuei firme. Andava o dia TODO. Não sei como a bunda aguentava. Hoje ando um pouquinho e já não aguento de dor na bunda. Naquele tempo, andávamos o dia todo!!! Minha teoria é que bunda de criança é menos sensível, kkkkkkk! Lembro que num programa de TV Record chamado, Esta noite se improvisa, onde iam Chico Buarque, Veloso, etc.., o Blota Jr. (apresentador) dava uma palavra e os concorrentes tinham que cantar um música que continha aquela palavra. Cantava e marcava ponto quem batia numa campainha. As pessoas do auditório “apostavam” numa urna em cada um dos concorrentes. Aquele que ganhasse, sorteava um apostador e este ganhava uma bicicleta Caloi dobrável, que patrocinava o programa. O Chico SEMPRE ganhava e a minha mãe, que ia no programa, SEMPRE apostava no Chico e SEMPRE era sorteada. Daí, ela ganhou umas 4 ou 5 dessas bikes, além de passagens aéreas pra Foz do Iguaçu, minha primeira viagem pra lá. Um dia, eu e o Nando, resolvemos ir até a casa da minha prima, na Rua Jorge Rizzo (Pinheiros), nela. Pra ir, até que foi legal, mas nunca esqueci a volta daquele maldito passeio!!!
Por falar em passeios, tive uma infância privilegiada e inesquecível no Jardim Paulista. Meu pai tinha restaurante (Giratório, que ficava no Largo Paissandu) e em casa não se bebia água. Minha mãe me levou pra conhecer quase meio Brasil, pela Vasp (empresa aérea paulista que não existe mais), além de me levar pra Argentina de navio (Eugênio C, na época o maior navio de passageiros do mundo). Ainda criança, conheci Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas, Espírito Santo, Rio, Paraná, Sta. Catarina e Rio Grande Sul, além de Uruguai, Paraguai e Argentina, pra onde voltei na lua de mel.
Com o Enéias, já maior, o “barato” era ser super herói. Botávamos um capuz com furo nos olhos e andávamos pelos telhados e muros das casas dos vizinhos (que nem gatos), tentando flagrar alguma empregada descuidada se trocando ou pelada, kkkkkk! Algumas faziam de propósito. Viam a gente e fingiam que não viam. A gente esperava todo mundo dormir e depois tínhamos um assobio “senha”. Dai a gente saia pelas varandas dos nossos quartos, que davam para os fundos e para os telhados dos quartos das empregadas da Rua Rodolfo Troppmayer. Então começavam nossas aventuras...
Com a TUPE, andávamos os 5 pelas ruas Rodolfo Troppmayer, Manoel, Brigadeiro, Salto, Madre Teodora, Pamplona, Tutóia, batatais, Sarutaiá, etc... fazendo sempre a maior farra. Toda volta de festa (normalmente as 3 ou 4 da manhã , porque naquela época era possível andar a esta hora na rua sem problemas), a gente passava pra comer um sanduba no Lareira´s da Pamplona.
Na Brigadeiro, abriu uma pista (enorme) de autorama. Virou nosso “ponto de encontro”. Passávamos todas as tardes (e as tardes todas), correndo de autorama. Claro que pagávamos 1 hora e andávamos 6 horas, pq éramos amigos do cara que tomava conta.
Com a maioridade, ganhei um fuscão azul pavão, novinho. Época da Rua Augusta. Bethoven morreu, Mosquito e Zé sumiram e ficamos Nando e Eu. Todo santo dia, chegando da escola, pegávamos o fusca e íamos pra Augusta paquerar. Quase toda noite dava algo e acabávamos numa boite, barzinho ou cinema, porque naquela época ainda não tinha os Drive-in (precursores dos motéis), nem tampouco os motéis. Só mais tarde apareceram os Drive-in (que eram um terreno fechado, com baias onde a gente parava o carro – era só a garagem de um motel ) então alguém vinha servir alguma bebida e depois era só alegria, mas muito desconfortável). Entretanto era melhor que ficar no carro parado no Ibira, porque os guardas estavam sempre atrapalhando. Aliás, os Drive-in foram uma consequência dos cinemas ao ar livre. Muito em moda nos US, apareceram nos filmes e alguém aqui teve a ideia de copiar (pra variar). Montaram um perto da Cidade Adhemar, mas ninguém ia lá pra ver filme. Só pra “ficar”. Daí, acho que resolveram tirar a tela.... kkkkkkk
Passado algum tempo, o Nando comprou um corcel usado, branco, e passamos a sair um dia no carro dele e outro no meu. Uma vez “ganhamos” duas garotas, saímos e depois fomos levar elas pra casa. Moravam do outro lado da marginal Tiete, num bairro bem afastado. Não marcamos o caminho de volta e depois ficamos rodando umas 2 horas tentando achar a saída, sem sucesso e com medo de parar para perguntar. Aquela noite foi punk!
Um dia, de repente, aparece o Nando e me diz que vai casar!!! Do nada! Fiquei passado. Perdi meu amigo de farra. Nesse meio tempo, fazendo Técnico em Química no Liceu Eduardo Prado (já não existe mais) conheci o Rossini, a Selma e a Sandra. Formamos um quarteto inseparável. Ao sair da escola, muitas vezes com aulas também à tarde, íamos pros bares da Clodomiro Amazonas tomar chopp. Iam também o Mauro Capocci, o Rafaelle Dolif e mais alguns colegas que variavam, mas o quarteto estava sempre junto.
Nessa época, abriu na Clodomiro um barzinho, chamado Villa. Tocava MPB (da velha, da boa, Chico, Vinícius, Tom Jobin....) ao vivo e assim começamos a ir pra lá. Toda quinta, sexta, sábado, o quarteto ia pra lá. Tinha música ao vivo, mas não tinha pista de dança. Um dia, a maluca da Selma me disse.
- Tô com vontade de dançar. Mas não tinha onde! Daí, eu brincando disse:
- Sobe na mesa. E não é que ela subiu!!!!! Resultado. Fomos expulsos do bar, claro, depois de muita confusão, mas quando voltamos na próxima semana, tinham tirado umas mesas e feito uma pistinha de dança. Acho que lançamos a moda!
Logo-logo abriram mais trocentos barzinhos de MPB e música ao vivo, com pista de dança. Virou moda. Urso Branco, Villa II, todos na nova Av. Ibirapuera, que passamos a frequentar. Quando não tinha o Belini (irmão do Rossini) tocando na casa de um de nós, tinha as “casas de samba”. Nesta época também apareceram as boites (que não eram inferninhos), badaladas. Ton Ton, Mau Mau, Caleche, Papagaios, etc....
Nossos programas eram, boates, casas de samba, rua Augusta, casas de batidas (também na Clodomiro – Mestre das batidas, Titulares das batidas – e mais tarde Batidas Coco Verde, que era da turma – uma próxima turma), café no aeroporto, para arrematar a noite ou sopa de cebola no Ceasa (que eu detestava). Tinha também um lanche no Deck!
Acabando o curso técnico, sempre na Manoel, o quarteto se espalhou (Selma e Rossini pra Mogi, fazer faculdade de Biomédicas e Medicina) e Sandra para psicologia. Somente eu continuei na química (que azar, kkkkk) indo pra faculdade Oswaldo Cruz, onde reencontrei os ex-colegas de técnico, Gelson, Carioca, etc, que vieram a formar a “nova turma”.
Velhos tempos, lindas lembranças, dos Beatles, Led Zeppelin, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, etc...

Belo Jardim, o nosso JARDIM PAULISTA.

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