quinta-feira, 7 de junho de 2012

Vida! Qual o seu sentido?



A vida é sempre festejada, nas maternidades, dia após dia, novos seres chegam à luz. Em geral o ápice de uma espera de sete, oito, nove meses, uma espera angustiada principalmente quando é a primeira. Toda alegria explode, após o sofrimento das dores do parto, que não se enganem as mulheres, os homens também sentem..... como se um pedacinho da gente saísse para uma nova jornada.

Só felicidade! Choro, noites mal dormidas, cocô nas mãos, tudo MARAVILHOSO! Assim , famílias felizes recebem o segundo, o terceiro, os demais filhos, sempre com o mesmo entusiasmo. Tempos felizes, apesar das dores, da falta de dinheiro, das noites sem dormir, do sofrimento de ver um choro e não saber se é de fome, de dor ou simplesmente um pouco de manha para ter a mãe ou o pai por perto. O calor de um colo.

Vida ingrata! Nesta, a melhor época, temos (mormente o pai) que gastar a maior parte do tempo buscando o sustento da prole. O tempo que nos sobra, por maior que seja ainda é muito pequeno.

Vida ingrata, pois justamente este tempo, passa rápido. Quando menos se espera, os bebes que tanto cuidado necessitavam, já andam, comem, correm, brincam sozinhos.

Começa um tempo em que nós pais, só olhamos de longe. Tempo de contemplação. Da janela do prédio, a criançada brincando. Da rua da escola, a entrada, a saída, de casa, aguardando a chamada:

- 2hs da manhã! Trim.... trim..... ! Alo!

- Pai! Vem me buscar?

Claro que vamos.... cansados, mal dormidos, mas felizes e com a certeza de estar fazendo o melhor por eles além de saber que ainda precisam de nós.

Mas o tempo passa inexorável..... em pouco tempo, não tem mais telefonemas. Tem somente a apreensão de esperar acordado que eles cheguem. Ouvir o som do motor ou ver a luz do farol chegando...

Um pouco mais e a vida se encarrega de libertar cada vez mais os novos desbravadores da Terra. Se por um lado não há mais necessidade de tanto cuidado, por outro começa a aparecer aquele vazio que hoje imagino que todo pai e mãe sentem, sentiram ou vão sentir algum dia.

As flechas foram lançadas. A alegria agora está em vê-los alegres, felizes. A felicidade é saber que estão bem. A torcida agora é para que as flechas atinjam o que achamos que são os alvos corretos. Mas a vida não tem alvos corretos. Cada vida é especial, diferente e pode percorrer caminhos diversos. Então ficamos felizes ao saber que alvos foram atingidos, mesmo que tenham sido alvos que nem imaginávamos que pudessem existir.

O tempo vai passando, o vazio aumentando. Penso que é nesta hora que começamos a relembrar de nossos próprios pais. Ao ouvir uma música que gostavam... ver uma cena..... uma paisagem, um quadro, um filme.... e vem aquele sentimento de:

Eu podia ter aproveitado mais a companhia deles.... a sabedoria, os conselhos, a vivência, mas o tempo se foi, deixando somente a dúvida! Valeu a pena, mas e agora? O que fazer?

Na verdade não há nada mais a ser feito. Tudo o que era possível e que realmente fazia sentido, bem ou mal, foi feito. Tudo agora é sem sentido. Tudo sem objetivo. Sempre é 2ª. feira (parafraseando Aureliano Buendia!!!).

Trabalhar? Pra que, pra quem?

Se divertir? Porque? Com quem?

Na verdade descobrimos que agora, voltou a hora da “espera”. Esperar por um telefonema, esperar por um amanhã diferente, pois todo dia é monotonamente igual, esperar por um dia especial pra poder desejar feliz aniversário para alguém especial, esperar que a saúde, que costuma falhar exatamente quando mais se precisa dela não falhe muito cedo, esperar que quando a falha chegar não seja muito desgastante e, se for, que não dure muito. Que seja breve. Entretanto, ninguém sabe o que lhe é reservado. Assim, da mesma forma como um dia fomos avidamente “esperados”, agora só nos resta “esperar” o que o destino nos reserva, dia após dia, até um dia...... não ter mais nada...... a esperar.....

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SUA PARTICIPAÇÃO É MUITO IMPORTANTE.